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Ensaio

Mais uma vez, apenas uma, e todos os corpos já não medirão distâncias entre si.

As bocas não saciarão, mas calarão toda vontade sobre-humana.
Há um espaço, uma fresta que foi esquecida de ser fechada,
e um lamento de passado que por entre esses espaços se abafa
e lá permanece calado em forma de coração.

A pele palpita e todo toque é um desatino.
O amor é matéria efêmera tal como um sorriso.
Um movimento interrupto de corpos.
Um toque que anuncia riscos.

Nos cômodos da casa sentimos a memória:
e a memória cheira a fim.
Perdeu-se pelos dedos e foi-se embora
Não há certezas nem há dúvidas por aqui.

Procura-se um invólucro decente.
O meu peito já não me protege.

Mais outra vez, apenas outra e o que nos resta são esperas
de fragmentos de um presente ao um futuro que se quebra.
Basta um golpe de intensidade e a vida ao fim se entrega.

O amor é um quarto que se aluga.
E o meu peito já não o protege.

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)