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Toda espera silencia...


Há um alvo e nada mais.
Não há calma, nem há dor.
Um alvo-retrato, memorável,
marcando o muro e em silêncio.

Aguarda um tiro que ultrapassa o tempo:
um tiro de flores não dadas, secas.
um tiro do verbo conjugado AMAR,
de futuro, progresso sem prudência,
de tudo aquilo que calou-se um dia.

Toda espera emudece e range.
E todo desejo quem ordena é o ego.
O homem não é homem sem futuro,
a ideia é alimento e o hoje não existe.
O hoje é o que ontem fora, logo em um segundo.
E no fim da ideia eis o fato.
E a ideia no fim é ela mesma.
É um gatilho, a própria bala...
Que tira do alvo o grito.

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)