.

.

Viela

Vi a menina na viela.
Viela pintada.
Viela estreitando casas.
Viela brotando casas.
Viela encurtando as asas
de um pássaro que manca.


Vi a espera na viela
conduzindo outras esperas
enviando outras esperas
em cartões postais de sonhos.


Viela na janela
refletida sob a face
da mulher que investiga
o solitário como a sombra.


Ouvi o brado na viela ecoando.
Era a voz da madrugada assobiando
e à criança anunciando
que era a hora de dormir.


A viela - me disseram
que uma hora há de mudar
e de repente, se tornar:
quem sabe beco
quem sabe rua
quem sabe vila


conjugada num futuro
anunciado por esperas.

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)