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Tantopoucotempo

São nas vezes que não para
o ponteiro que se agita,
que eu penso em um refúgio
pra cabeça, corpo e vida:

Um tempo pra prece que cala a pressa infinita.
Um tempo de colher o tempo, tempo gasto sem medida.
Um tempo de mel no fel  que me cobre de breu.
Um tempo de colher na praça a flor do bem meu.
Um tempo descalço na rua do asfalto que queima
Um tempo de sol na ladeira, na cara, na vida que reina.
Um tempo de bola jogada, um gol que se queira.
Um tempo de ver a beleza no véu de fumaça ligeira.
Um tempo  de ouvir as conversas largadas no largo São Bento.
Um tempo pra's cores lançadas pelos viadutos inteiros
Um tempo pra vida ambulante que oferta desejos,
Um tempo pra ver a passagem dos carros sem freios.
Um tempo pra ouvir na rima do som que me alcança - o tom dos ponteiros
Um tempo ao som da batida do peito, soul Sampa - sem paradeiro.

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)