Que espaço terei eu
nessas caixas colossais,
de guardar multidões distintas?
De moldar multidões iguais?
E que parte terei eu
junto aos moldes que projetam,
massa minha, massa tua
de nossos filhos, moldes?
De que cor eu pintarei
o cinza do telhado,
que escorre pelas vistas
como forma de tijolos?
Em que céu apontarei os olhos
a fim de ver um plano fundo,
sem fragmentos muros
sem aviões de guerra?
Que velocidade medirei
- não dos passos e motores-
mas do tempo que não corre
e que tem pressa de partir?
Em qual abraço sentirei o aperto
de braços humanos loucos,
calorosos por dividir
a felicidade de ser feliz?