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Arestas

Pra se alimentar de sonhos
às vezes tem que ser igual criança.
Levar à boca em colheradas de vento
a impressão imaginada do doce.

Agora meu irmão refaz o gesto
fingido de alimentar vazios.
E abre e mastiga e fecha
apurando o sabor da coisa
que podia ser tudo.

Enquanto tateio problemas
e farelos de pão descobertos
entre as dobras da toalha da mesa,
minha avó diz que às vezes suas ideias
são vento num vazio dos grandes:

Dá medo isso de não ter chão pra pisar?

(O doce da vida seria talvez a imaginada colherada de vento na boca)

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)