minha prece vai
à poesia que fala:
o atrito das pedras,
à poesia que fala:
o atrito das pedras,
o rangido dos dentes,
a frequência do som
das gotas sobre a pele
(suor sem salvação
ou temporal em dia de luto)
minha prece vai à poesia que fala
minha prece vai à poesia que fala
a danação em dia de domingo,
a febre da cicatriz na face da rua,
a perdição,
a prece das mães em dia de insônia
minha prece vai à poesia que grita
ao silêncio grifado nos muros do mundo
e sobre o vermelho comum dos asfaltos
minha prece vai à poesia do susto,
que cora a face do útil,
dessa conformidade.
dessa conformidade.