Meninas esperam
que a voz chegue
como anúncio
de:
canções que não toquem na pele como produto.
A menina de muitas outras meninas
desistirá da propaganda
em que o desejo desejado
educado for pra ser
e servir
mercadorias:
saltos altos que mancam
sobre bonecas entulhadas
serão colhidos para darem é passagem
à travessia descalça de sentir
a vida
o chão
conforme a intensidade de suas flores e pedras.
Prever os caminhos
por onde se escondem
e se revelam
quereres
sem depender da espera
por um cartão postal remoto
de um príncipe que-se-quer-existe.
Nossas meninas que somos
sofremos nas faces
com as cicatrizes
do tempo dos reis:
os retrovisores e espelhos
e toda a representação
nos dizem que são
nossas faces
nossos corpos
só produtos do amor,
mas faremos
nosso reinado
na morada do corpo
namorando
cada passo e curva
que o coração possa guiar pulsando
como a cadência da resistência das asas
que abrem caminhos no vento.