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Céu de lona azul


Ontem era maio,
hoje já não faz frio.
Do lado de fora
me perco na velocidade dos passos.

Um sol aparece
e a vida sorri por dentro.
Um sorriso largo de pavor
de não ter como voltar ao tempo.

Que tempo é esse que não nos permite sentir?
- Sua carroça de oferendas passa.
Propagandeia o presente para depois partir?

Janeiro se foi,
já não faz calor.
Faz frio que agride
os pés e as mãos

- Ah! Se não fosse o amor...
já seríamos deserto.
Secaríamos, ao certo,
por esperas pluviais
em um céu de lona azul.

Passando


Um homem caminha e sabe:
seus sapatos não conhecem a crise.
Seus sapatos sustentam apenas,
o peso da existência móvel.

O homem para, olha e pasma,
os espelhos, quando muitos, cegam.
De repente se torna moderno
e se vê multiplicado em mil.

Um homem que na praça passa
não percebe o lamento do tempo das árvores,
da ordem das gentes de praça
que rodeiam os bancos como pombos.

ana tereza barboza

ana tereza barboza
Grafito y bordado en tela. 130 x 102 cm (2011)